like a princess fanfic.
quinta-feira, 23 de julho de 2009 @ 14:16

Cena de Like a Princess
de Gih Meadowes



Capítulo III
Mula vestida de Chanel (imitation) paga peitinho e dá vexame na festa dos Veteranos.

“... That Girl, she wanna me to know...”

O celular de Remus tocava, para variar, de madrugada. Eu apalpei meu criado mudo até derrubar o abajur.

- Remus... – murmurei de olhos ainda fechados. –Reeeeemus. Seu celular. Esse povo acha que você não dorme?

- Desculpa, Dó, é a Carrie. – como se eu quisesse saber sobre essa bitch às duas da madrugada. Eu só queria dormir agora. Meu galo ainda nem cantou, caramba. Se bem que o Jurandir está começando a diminuir, claro, depois de er ficado tão preto que nem base, nem franja disfarçavam. – Tá, Carrie, olha só, a Dorcas estava dormindo, obrigada por avisar sobre a festa dos veteranos, mas depois a gente conversa melhor, vou procurar saber. Tá. Beijo, te amo também.

Claro, são duas de madrugada e eu acabo de me ouvir que o meu cover-Robert ama a bitch da tal de Carrie, que liga para avisar sobre a “festa dos Veteranos”. Atóóóron essas coisas. Eu mereço isso.

- Podemos dormir agora? – falei mal humorada, mais pelo fato de ele ter se declarado para a bitch do que ter me acordado à essa hora.

- Podemos. Desculpa, de novo. – ele disse, se cobrindo e voltando a dormir.

- A culpa não é sua. É da bitc—

- Quem?

- Da sua namorada. – falei tentando concertar a merda que eu falei. Eu estou meio dormindo ainda, fica tranqüilo. OMG! EU FALEI DA BITCH NA FRENTE DELE!!!

- Namorada? – ele falou e soltou uma gargalhada logo em seguida.

- Não entendi. – falei me levantando para pegar o abajur e acendê-lo.

- Não é minha namorada. É a minha irmã. Minha irmã se chama Carrie. – OH-MY-GOOOOOOOOOOOOOOOD! Eu sou estúpida, muito estúpida. Eu vou queimar no mármore do inferno!

Como asssssssssim??!!!Eu chamei minha cunhada (?) de BITCH! Eu sou muito tapada e mereço passar o Valentine’s Day sozinha, sem nenhum cover-Robert para eu abraçar, é! Vou abraçar uma árvore, é isso que eu mereço. Devia ter uma pena para todas aquelas que chamam a cunhada de Bitch e aquelas que vão para um Red Carpet sem pintar os cotocos, ou aquilo que você chama de unha, né Kristen?

- É sua irmã? Sua... irmã? Quero dizer, por que ela te ligaria falando da festa dos Veteranos?

- Porque ela vai estar lá. É essa noite e ela pensou que talvez... bom, nós pudéssemos ir. Ela é um das organizadoras e pertence aquela espécie de “grêmio” que organiza as festas.

- Festas durante a semana? – perguntei tentando mudar o foco da conversa. Eu vou queimar no mármore do inferno por causa desse fora.

- É. Porque a maioria dos alunos vai embora durante o fim de semana, então eles fazem durante a semana. É como se fosse uma festa de boas vindas. Muita bebida, música, coisa e tal. – bebida? Isso muito me interessa. Hahaha, mentira. – Vamos dormir agora, né? Temos um dia longo amanhã. Durma bem, meu anjo.

ESPERA! Ele me chamou de meu anjo? Que tipo de pessoa ele é? Ele foi criado só para me hipnotizar, para me tirar do sério, para fazer com que eu perca a linha, é isso? Geeeeente, o que é isso!

Eu vou dormir, deve ser um sonho. É, é um sonho. Eu estou delirando já.

Boa noite.




Acordei lentamente com o sol que entrava pela janela da “cozinha” batendo na minha cara. Remus dormia feito um anjo do meu lado, com aqueles cabelos lisinhos e loirinhos caindo nos olhos dele. O que fazia eu me sentir pior do que antes, ao lembrar do fora da bitch.

Minha vontade era de agarrar ele e nunca mai soltar, mas eu não podia fazer isso e muito menos dar o braço a torcer, afinal a primeira impressão é a que fica, né? Não, claro que não. HÁ!

Fui para o banheiro fazer minha higiene pessoal de todos os dias, sabe como é. Eu tinha uma idéia em mente, não sei se ia dar certo, mas eu tinha que tentar. Escovei meus dentes, lavei meu rosto, passei um pouco de demaquilante, só para tirar os excessos de sujeira que tinha ficado do dia anterior e fiz toda a make. Bem leve e descontraída. Era do pacotão L’Oréal e sim, eu separo e etiqueto minhas maquiagens por marca. Pode parecer obsessão... e bem, é. Sombra Golden Sienna 06 (maquiagem mineral é o que há), rímel Double Extension Beauty, pó Glam Bronze 101, blush Delicieux 04, base líquida Eccord Parfait 6 e batom Color Riche Nude. Tudo bem clarinho.¹ E eu acho que eu deveria ganhar um cachê por merchandaise (ou sei lá como é isso).

O clima parecia estar meio ameno, então eu coloquei minha regata de malha, meu colar da PaulaVelloso (que ganhei na minha ida até o Brasil) de muffin, meu casaquinho compridinho, que vai até o meio da coxa e é acinturado, em linha cinza, Carol Herrera (uy, que intima), meu velho, bom e único jeans, super skinny, clarinho, Marc Jacobs e minha sapatilha cinza envernizada Manolo.² Cabelo natural, solto, totalmente seduction (mentira) e é isso aí! Não estou nada vintage hoje. Então vou usar minha Chanel Flap, ou 2.55, Jumbo pretinha de Caviar³.

Fui até a cozinha e abri a geladeira para pensar em qualquer coisa para fazer para comer. Peguei ovos e bacon. Certo, acho que aqui podia ter algum manual de “Como quebrar um ovo em 5 passos”. Eu não vou melecar minha mão de clara, urgh, que nojo.

Ok, talvez eu tenha que sujar, um pouco. Talvez se eu pegasse minha luva... NÃO! MINHA LUVA DE PELICA CHANEL 20’s NUUUUUNCA! Certo, Dorcas, bate e abre. É.

Tentei quebrar... mentalizei, mas não deu muito certo. Tudo o que eu vi foi aquele ovo se despejando no chão e eu derrubando a xícara do chão e me cortando.

- AAAH! – gritei. Um caco da xícara cortou a minha mão. Não era um corte fundo, mas eu tenho baixa imunidade a sangue. Digo, eu desmaio com sangue, e meu sonho era ser médica, dããr. Mas assim que eu descobri que eu desmaiava com simplesmente mencionar a palavra sangue, eu desisti dessa idéia. Depois do sonho de ser médica passei ao sonho de ser Arqueóloga.

- Dorcas? Tudo bem? O que... Ah, Meu Deus! – ele exclamou quando me viu chacoalhando a mão, prestes a desmaiar. – Calma! Respira, um, dois, três. – ele continuou enrolando um pano molhado na minha mão para estancar. – Esquece do sangue! Mentaliza.

Ele desembrulhou minha mão e começou a olhar.

- Entrou algum caco? – ele me perguntou.

- Acho que não.

- Não foi nada. Nada que um esparadrapo e gase não resolvam. – ele falou. – Mas você ein, não sossega a periquita!

- Pois é. Eu queria fazer o café da manhã, mas eu nem sei quebrar um ovo! Não acho justo você cozinhar sozinho. Isso nem ao menos é trabalho de homem. – eu disse, o que soou um pouco machista para um pessoal que, totalmente, defende os direitos das mulheres, haha.

- Eu te entendo, Dorcas. Você é uma princesa, nunca teve que passar por isso. É meio que uma provação para você não é? – ele perguntou limpando o machucado.

- Quase um Simple Life, sabe aquele com a Paris Hilton? – falei tentando não olhar para o sangue da toalha.

- Esse é um dos problemas das princesas, muito tempo ocioso, o que faz com que elas assistam Simple Life, e o pior, com a Paris Hilton! Praticamente inaceitável.

- Eu sei, e me envergonho disso. Mas tem a outra menina que apresenta, ou apresentou uma temporada, nem sei. Acho que assisti só uma temporada. Esqueci o nome dela agora. – falei.

- Eu sei quem é. Pronto, mão nova em folha. – ele disse de levantando para levar o pano para limpar.

- Nossa, super combina com o meu modelito. – era um jogo da velha de esparadrapo. Se não fosse ridículo eu diria que seria até engraçadinho.

Diz aí, quem é a mula que consegue se cortar com uma xícara enquanto quebra um OVO??!! Eu sou uma mula...

- Então tá. Vamos deixar o seu super café da manhã para depois e comer uma porcaria qualquer na cafeteria.

- Ah vá! Tem cafeteria aqui dentro também? – falei, pegando minha bolsa e alguns livros que eu precisava para o dia. Eu estava anciosíssima. Hoje era minha primeira aula extra de moda e eu estava levando até meu dicionário de bolso sobre termos de moda4 do Didi (Christian Dior, dããããr). Estou esperando pelo dia em que vai estar bastante frio para eu usar meu tweed Dior super vintage, né?

- Tem sim! E sabe o que tem? – ele perguntou e eu fiz que não com a cabeça. Eu pensei em pão-de-queijo, mas seria quase impossível, porque pão de queijo, só quem tem acesso fora do Brasil são os JoBros e eu, haha. – Pão-de-queijo. Eu sou completamente viciado por esse negócio. É um negócio que vem de Buenos Aires...

- Brasil, Rem. – eu acertei!

- É! Você já comeu?

- Já. Minha governanta faz para mim desde criança. Ela vem de família brasileira. Uma vez fui para lá, visitar a família dela. Conheci São Paulo e o Rio de Janeiro. São belos lugares. São Paulo não perde muito para Londres, e o Rio... É simplesmente encantador. Foi lá que eu comprei esse colar. – falei mostrando meu colar de cupcake.

- Que lindo!

- É, eu sei. – falei.

Nós íamos andando, e cada vez mais aumentava o fluxo de alunos circulando pelo colégio, e cada vez mais os olhares sobre mim aumentavam. Era como se eu estivesse usando um vestido de plush de Poá5 vermelho, ou se estivesse andando com um sutiã em forma de cone, estilo Madonna em Like a Virgin (não estou certa disso).

Uma garota quase caiu em cima de mim de olhos arregalados quando passou por mim.

- Remus... – falei quando nos sentamos numa mesinha na cafeteria, que por sinal era bem aconchegante.

- Hum... – ele resmungou enquanto dava uma golada no Frappuccino de morango dele.

- Por que está todo mundo olhando para mim como se eu fosse a Britney exibindo sua careca mega lustrosa em público? – falei.

- Haha, na verdade, acho que não é bem para você, mas para a sua Flap.

- Minha... minha o qu... Ah, minha bolsa? O que tem demais minha bolsa? – indaguei confusa. O que tem demais a minha bolsa?

- Nada, só que ela é uma Chanel original e aqui na Inglaterra ela só custa £1.870. Não é toda adolescente que pode ter uma Chanel original por aqui.

- Aaah. É verdade. Mas que culpa eu tenho de ser quem sou? – falei dando uma mordida no meu sanduíche de peito-de-peru e salada. Sem maionese, porque maionese engorda.

Ele comia pão de queijo e Frappuccino de morango e eu comia o meu sanduíche com uma Diet Coke. Eu sei, eu sei... Fazer o que? É vício, haha.

- Não acho legal você sair por ai dizendo que você é a princesa de Cresari... – ele falou dando mais uma golada naquilo, o que já estava começando a me irritar.

- Césaro.

- É, isso mesmo. Acho que pode ser perigoso, além de ser desumilde. – a qual é.

- Desumilde? Ok, estou sendo desumilde porque eu estou dizendo a verdade? Perigoso por quê? Vai me dizer que você não sabe que todo o corpo docente dessa escola é treinado em Césaro só para estar aqui me protegendo, de tudo e de todos. – falei com um tom sarcástico, o que irritou um pouco ele. Eu sabia pelos olhos dele.

- Está vendo? Acho que me enganei com você. Pensei que você podia ser melhor do que aquela patricinha tosca que compra roupas em museus. – um pouco? Bom ele estava muito irritado.

- Ótimo, e você continua sendo aquele grosso estúpido. Pensei que a gente pudesse até ser amigos, mas acho que eu estava redondamente enganada. – falei. – Adeus.

Peguei minha bolsa, meus livros e saí andando em direção à sala da minha primeira aula, que começaria a qualquer instante.

Sentei-me ao lado da ruivinha simpática, a Lily, e o namorado dela estava bem atrás de nós. Eles conversavam sobre qualquer coisa quando eu cheguei:

- Oi Dorcas! Como está? Melhorou a cabeça? – ela me perguntou sendo simpática como sempre.

- Melhorou sim! Mas eu consegui outro hematoma hoje mais cedo. – informei mostrando a minha mão com o jogo da velha de esparadrapo. – Cortei com a xícara. Pode rir.

- Haha. E o Remus? – perguntou o namorado. James, acho.

- Não sei e nem quero saber dele. – respondi. – Digo, não me leve a mal, mas é que nós brigamos agora há pouco.

- Uma pena, vocês ficam lindo juntos. – Lily disse e depois riu ao me ver corar.

Me virei para frente e o vi entrando na sala conversando com uma garota, e não pude deixar de sentir uma ponta de ciúmes, mas ele me chamou de patricinha tosca! Não tem perdão.

Lily me olhou com expectativa. Eu podia ver que ela se importava de verdade comigo, o que era bem legal. Me virei para ela e revirei os olhos.

- Está vendo? Ele não precisa de mim. Além do quê, para mim, ele só servia para me levar até a enfermaria mesmo.

- Estou sentindo um fundinho de ciúme nesse comentário. – ela riu-se divertida.

- Nunca. Ciúme desse grosseirão? Nunca! – exclamei ainda o fuzilando com o olhar.

Ele olhou para mim e eu desviei o olhar. Não o suficiente para deixar de perceber que ele mantia contato visual comigo e vinha pra o meu lado. Se ele se sentar atrás de mim eu juro que dou um faniquito aqui no meio de todo mundo.

- Então segura, amiga. Ele vai se sentar atrás de você.

- E ele não tem noção do perigo que corre... – comentei quando a professora começou a falar sobre qualquer coisa.

Logo eu recebi um chamado no meu celular. Era o MSN indicando que alguém tinha me adicionado. Era Lily.

Lily (L) James 4ever diz: noffan, amigan, o que aconteceu?
Dorcas – Césaro para que te quero? diz: ele me chamou de patricinha tosca! Pode?
Lily (L) James 4ever diz: :o não acredito! Ele ñ fez isso!
Dorcas – Césaro para que te quero? diz: Fez! E disse que eu compro roupa em museu!
James – VAAAI CHELS... está na conversa.
Remus (em aula) está na conversa.
James – VAAAI CHELSEAA! diz: você viu que o Chelsea ganhou no Manchester ontem?
Remus (em aula) diz: Sou mais o Dublin, cara.
Lily (L) James 4ever diz: EI! Saiam daqui!
Remus (em aula) diz: tenho direito a me defender, não tenho?
Dorcas – Césaro para que te quero? diz: Shiu, a conversa ainda não chegou no ambulatório.
Remus (em aula) diz: que bom que você reconhece que se não fosse por mim, você já teria morrido ou de traumatismo craniano ou por hemorragia.
Dorcas – Césaro para que te quero? diz: cala a sua boca mão. E você não tem direito a defesa não! Você disse que eu compro roupa em museu!
James – VAAAI CHELSEA! diz: iih, amor, em briga de marido e mulher ninguém mete a colher.
Dorcas – Césaro para que te quero? diz: ‘--
Remus (em aula) diz: ‘-- 2
Lily (L) James 4ever diz: é verdade, vamos nos retirar, amor.
Lily (L... e James – VAA... saíram da conversa.
Remus (em aula) diz: ótimo, agora podemos terminar nossa conversa. Eu não tinha terminado quando você saiu...
Dorcas – Césaro para que te quero? diz: mas eu tinha. E essa conversa está encerrada.
Dorcas – Césa... se desconectou.

Eu sou jogo duro, sacoé? Se quiser me namorar, vai ter que rebolar, rebolar e rebolar. Tá, parei. Meu sonho sempre foi passar bilhetinho em aula, mas acho que já está meio ultrapassado. Agora a onda é MSN, haha!

Eu só estava como aparecer offline, mas eu ainda estava lá.

Remus (em aula) diz: eu sei que você esta aí. Eu estou te vendo.
Dorcas parece estar offline
Remus (em aula) diz: hahaha, vamos, pare de ser criança! Liga isso!
Dorcas se conectou
Dorcas – Césaro para que te quero? diz: primeiro eu sou a patricinha tosca agora eu sou a patricinha tosca e criança. Ah, Remus, acho que vou ter que começar a passar óleo de peroba nessa sua cara de pau!
Remus (em aula) diz: cara, você tem quando anos?
Dorcas – Césaro para que te quero? diz: com certeza mais que você!
Remus (em aula) diz: ok, me desculpa por ter te chamado de patricinha tosca.
Dorcas – Césaro para que te quero? diz: acho que está na hora de você pensar no que você fala ao invés de ficar pedindo desculpas. E, sim, isso é um não.
Dorcas – Césa... se desconectou



O sinal da última aula da manhã bateu, mas na verdade eu nem precisava dele. Meu estômago já me informava que a hora do almoço estava chegando.

- Você vai almoçar, Lils? – perguntei. Eu não queria ficar sozinha com Remus numa mesa.

- Claro! Vamos lá.

O refeitório era magicamente longe, o que só de pensar em andar já me dava fadiga, mas meu estômago falava mais alto. Só de pensar naquele rocambole de carne que a Aby fazia já me dava água na boca. E de sobremesa aquela mousse de maracujá e de chocolate... nunca consegui resistir.

Remus não tinha tentado falar comigo mais naquela manhã. Talvez ele tenha percebido que não estou para papo hoje.

Cada um pegou sua comida e fomos procurar uma mesa para sentarmos no refeitório que já estava lotado. Remus e James falavam sobre futebol e que preferiam futebol americano e Lily engatou numa conversa sobre roupas comigo. Ela tem um estilinho bem folk, com aqueles lenços e bolsas com franjas.

- Eu acho as suas roupas as coisas mais lindas do mundo. Quase tive um espasmo quando vi sua 2.55 jumbo hoje. E esse seu colar é... tipo, lindo. Mas eu sou mais adepta do hippie, claro que não me visto exatamente como uma, mas gosto da ideologia. E gosto de roupas folk. Adoro mesmo. Coisas com franja e larguinhas são comigo! – ela falava sem parar e eu não conseguia parar de ficar relembrando da minha cena com Remus na lanchonete. – Dorcas? Alô?

- Ah, oi. Desculpa, Lily. Me distraí.

- Sei bem qual é o motivo. Quando eu e o amor brigamos, nossa, eu fico na fossa. Choro o dia inteiro. É bem engraçado, porque ele aparecia em casa depois e a gente fazia as pazes. A gente morava em Surrey. Nos conhecemos num barzinho chamado Caldeirão Furado.

- Sério? Como foi? – perguntei me interessando. Adoro esse tipo de histórias.

- Ah, foi legal. A gente demorou muuito para ficar, porque eu era bem exigente. Não gostei muito dele no início, mas depois ele foi me conquistando, até o momento que eu percebi que não vivia mais sem ele. Aí eu tive que me render. Tenho que agradecer por ele nunca ter desistido de mim, e eu dei muitos motivos. – ela disse, dando uma risada no final. Os meninos estava muito ocupados excitados com os machos do futebol americano para ouvir nossa conversa.

- E como foi a primeira vez que vocês ficaram? – perguntei comendo o último pedaço de beterraba que tinha no meu prato.

- Foi estranho. Eu estava nervosa demais, porque era a primeira pessoa que eu ia ficar que eu realmente gostava, então eu fiquei nervosa, com medo de fazer alguma coisa errada. A gente estava no Maçã Envenenada dessa vez. Sozinhos, a gente tinha marcado sem ninguém saber, para evitar todo aquele constrangimento de “até que enfiiim, uhu”. Maçã Envenenada é muito bom. É tipo uma baladinha, mas só toca músicas meio desconhecidas, sabe? A gente estava dançando um remix 1, 2, 3, 4, do Plain White T’s, sabe?

- Aham.

- Então, a gente já tinha bebido um pouco, nada que influenciasse muito, mas só para eu ficar mais relaxada, porque eu estava muito nervosa mesmo. Aí dançando e dançando... bom, rolou. Aí a gente ficou o resto da noite. Daí, no dia seguinte eu acordei com pedrinhas na minha janela. Eu estava sozinha em casa. Petúnia estava passando as férias com o elefante-marinho do namorado dela e meus pais tinham ido a um cruzeiro. Foi bem clichê, mas aí eu desci e a gente ficou de novo. Eu o convidei para entrar, aí a gente passou o dia no meu quarto ouvindo CDs e mais CDs. A gente tem o mesmo gosto musical.

- Que lindo! – eu fico muito boba com essas coisas. E isso me ajudou a ficar mais na fossa.

- É. Foi sim. Foi mais quando ele me pediu em namoro. Era dia dos namorados ano passado, e fazia 3 meses que a gente estava ficando. Todos os dias a gente se via e cada dia eu ficava mais apaixonada por ele. Petúnia morria de inveja porque o meu namorado era mais bonito que o dela. Enfim, era exatamente o dia que a gente fazia 3 meses inteiros, estávamos no Maçã Envenenada, dessa vez com toda a galera. Ele pediu para o DJ colocar 1, 2, 3, 4 baixinho e pediu a atenção de todos, no meio do salão. Me puxou para o meio, e eu já estava roxa de vergonha. Ele ajoelhou na minha frente e disse que me amava como nunca ia amar ninguém e que podia parecer que ele estava me pedindo em casamento, mas como era isso que ele queria, mas não podia fazer, ele faria com uma aliança de ouro-branco mesmo. Eu não tive como recusar quando todo mundo começou a gritar “ACEITA, ACEITA!”. Foi uma das coisas mais lindas da minha vida. – é, deprimi LEGAL.



Minha primeira aula de moda e eu não prestei a mínima atenção. Nem na aula e muito menos nos olhares curiosos sobre mim. Eu estava numa fossa muito grande. Eu tinha acabado de brigar com o único cara que já me pegou no colo (além de papai), que cuidou do Jurandir, que estancou o sangue da minha mão, que me chamou de meu anjo, e que tinha grande potencial para ser bem mais que meu amigo e tinha acabado de não aceitar as desculpa desse mesmo cara. Ótimo, dá para ser mais estúpida?

Não estou em clima de festa. Não vou para a festa dos veteranos não. Ninguém vai me tirar da frente daquela LCD 50’ que tem no quarto. Vou passar a noite toda assistindo A Princesa e o Plebeu e The Notebook e comendo chocolate com pipoca e Diet Coke.



Eu já estava vestida com o meu moletom mais velho, minha regata preta e sem maquiagem, enquanto Remus se arrumava para a festa. Eu estava assistindo The Tudors, para variar. Não queria que ele me visse chorando em The Notebook. Eu já estava suficientemente horrível sem maquiagem.

- Você não vai? – ele me perguntou seco. Eu acho que devo ter o magoado.

- Não. – não sei por que ele me afetava tanto. Fazia pouco mais de 5 dias que eu o conhecia, e eu não podia estar assim. Não por ele.

Ele saiu e nem se deu ao trabalho de se despedir. No mínimo ele vai pegar uma piriguete por lá, e depois vai ficar se esfregando com ela na minha cara. Dorcas, o que é isso? Você vai deixar que ele saia por aquela porta sem se despedir de você para ir a uma festa pegar uma piriguete? NÃO! O que é isso?

Eu posso ter brigado com ele e posso ser a patricinha tosca, mas ele ainda é MINHA propriedade, e se eu tiver que demarcar território eu vou marcar. Nada de ficar aqui chorando rios e não fazer nada! Vá até sua bolsa, pegue aquele Chanel preto e seu peep-toe meia pata verde-musgo, vá até essa festa e mostre para ele quem é a patricinha tosca!

Fui até o banheiro, coloquei minha meia superfina cor da pele (para esconder aquelas celulitesinhas, né, amigan). Coloquei meu Chanel preto. Ele era larguinho em cima e apertadinho nas pernas. Coloquei meu peep-toe verde musgo de pele de antílope e vermelho por dentro. Peguei minha bolsa Dior 40’s de festa, verde musgo, e peguei o pacotinho Lancôme, a que tem o rímel super baphônico: o Virtuôse. Lápis Le Crayon Khôn Noir, blush/sombra Subtil 20, base Color Ideal Diaphane, batom Le Rouge Absolute Rose Nature e pós bronzeador Star Bronzer 01, e, claro, o Virtuôse, o amor da minha vida. Sem ele eu não seria nada, hehe. Sem ele e o curvex, logicoon.

- É hoje! – exclamei, já imaginando como eu iria chegar em Remus.

Dei a ultima checada no espelho. Dentes escovados, make pronta, vestido lindo. Tudo em cima. Peguei minha bolsa, joguei tudo dentro dela e parti para a minha missão.

A escola já estava bem vazia. Era uma sexta-feira e nos corredores ninguém a vista. Me lembro de Lily ter falado que a festa seria depois do beco entre os Campus, numa casinha plana e com paredes de vidro com insufilm espelhado. Estava tudo bem escuro, então não ia ser muito difícil achar uma casa iluminada.

Quando achei a casa vi que tinha bastante gente, mas não tanto quanto o esperado.

- Dorcas! Remus disse que você não ia vir. Ele estava bem preocupado. Ele disse assim: “Eu nunca vi ela sem maquiagem, acho que ela deve estar muito mal. Deve ter acontecido algo na aula de moda. A vi pegando The Notebook e A Princesa e o Plebeu escondido de mim. Acho que ela não queria que eu visse que ela ia fazer a sessão deprê.” – eu conseguia ver que Lily estava bebendo há algum tempinho, acho que demorei demais para me arrumar. Ela me puxou para dentro e eu consegui ver a roupa dela em alguns flashes de luz. Estava com um vestido de motivos florais bem miúdos, laranjas, vermelhos e marrons; era largo, com um cintão apertando na cintura, e uma bota bem folk, com franjas e tudo. – Toma, pega. – ela me enfiou um Martini na mão e eu não tive como não beber. Estava me tentando. Martini esse que estava bem forte. O suficiente para eu ficar tonta com uma só golada. Devem ter colocado algo a mais nesse negócio.

Era um ambiente estranho lá dentro. Em um canto tinha uma mesa de snooker e mais para fundo estava tocando música alta e eu conseguia ver alguns vultos dançando.

- Eu deixei os meninos aqui para ir tomar um ar. – ela falou e eu consegui ver James, quando meu celular começou a tocar.

- Alô?

- Dowes? Caramba, até que enfim! Estava ficando preocupada, já. – era Marlene, mas eu não entendia o que ela dizia, a música estava mesmo alta.

- Desculpa, Mar. Eu estou em uma festa, não dá para te ouvir direito. Quando eu chegar eu te ligo, ok? Beijo.

- Aqui. James, Cadê o Remus?

- Não sei. Sabe a garota que ele estava conversando hoje mais cedo na primeira aula? Ela veio aqui, puxou conversa, ele disse que estava solteiro e ela o puxou para o meio da pista. – ok, vai dar B.O. ME SEGUUUUUURA!

- Ah é? – eu falei. É hoje que aquela piriguete vai aprender a não querer roubar o que é dos outros.

Joguei minha bolsa no balcão e peguei outro Martíni. Eu já estava bêbada.

Comecei a empurrar as pessoas que estavam na pista procurando por ele. CADÊ? Vou matar aquela loira de farmácia! Assim que o vi, fui chegando perto de vagar, para pegar no susto, mas quando eu cheguei perto eu ouvi algo que eu não deveria ter ouvido:

- E aquela sua amiga que se veste como minha avó? – ela perguntou de um jeito sonso, quando ele a puxou mais para perto. Ele também estava bêbado, só podia estar.

EI! A AMIGA QUE SE VESTE COMO A AVÓ DELA SOU EU! Eu mato essa vadia.

- Não temos nada, não tivemos e nunca teremos. Ela não significa nada. Nada.

- Eu vejo o jeito que ela te olha.

- Não me importa. Ela é uma patricinha tosca mesmo. – ele disse antes de ela soltar uma gargalhada e ele começar a beijá-la.

Então era isso. Eu não significava nada. Era uma patricinha tosca, e eu não importava para ele.

Eu comecei a perder o meu chão. Eu nunca me decepcionei tanto assim. Nunca. Como ele pôde? Ele me conquista, faz eu me sentir mal e depois faz isso. Eu virei todo o Martini na boca e fui pegar outro. Virei novamente. E peguei outro. Virei... fiz isso incontáveis vezes, até o momento em que eu mal podia ficar em pé.

- Dorcas! Pára! Chega! Não liga para isso! Ele está bêbado! Tanto quanto você, senão mais. – Lily me dizia. Mas eu não pensava nisso. Eu pensava nele. Nele dizendo que nós nunca íamos ter nada – Vamos para o quarto! – ela me puxava. Mas eu tinha decidido. Eu ia lá, ia sim.

Tirei meu sapato e dei para Lily segurar e peguei minha bolsa.

- Toma, segura. E me dá mais um desse aí. – falei para o barman, pegando outra taça.

Andei, a trancos e barrancos, até o meio da pista, onde Remus e a loira ainda de beijamos fervorosamente. Enfiei meu braço no meio dos dois e os separei.

- Você... escuta aqui, quem você acha que é para ficar assim com o meu homem? Toma aqui, sua vadia de quinta. – eu dava bolsadas e mais bolsadas nela, até que eu vi que ela estava com um Chanel totalmente imitation. Eu sei identificar é o que verdadeiro, o que não é. – Essa aqui é por você estar pegando o meu bofe, essa aqui é por você estar sujando o nome de Coco Chanel e essa aqui é por você ser loira.

E eu finalmente consegui o que eu queria. Destruir aquela imitação horrorosa. Até o momento em que ela pagou o maior peitinho da vida dela. Tiraram aquele trapo loiro da minha frente.

- É! Isso mesmo, vá pagar invisible-bra em outra vizinhança, sua loira oxigenada. – eu gritei enquanto tiravam-na de lá pela cintura, já que ela queria me bater – E você! Toma! – falei dando uma bolsada na cara dele.

- Dorcas, chega! – Lily falou me puxando.

- Você não vale nada! – eu gritava. Lily ainda me puxava.

E depois disso eu só me lembro de Lily me enfiando debaixo do chuveiro gelado. Eu podia jurar que ela estava mais bêbada que eu. Ótimo, minha primeira festa em Oxford e três das cinco piores coisas que podem acontecer acontecem:

01. Eu dou PT.
02. Eu descubro que o cara que eu estava afim diz que eu não significo nada para ele.
03. Eu vejo um Chanel imitação.


¹: Gente, desculpa, mas eu não consegui deixar de colocar os nomes aqui, é que talvez algumas de vocês gostem e saquem de make, então achei legal falar os nomes dos produtinhos. Fica bem lindo, depois de vocês quiserem, coloco um scan de uma menina usando os baphos, ok?
²: Peças totalmente inventadas, porque eu não tinha paciência de entrar nos sites e pegar os modelos, e, apesar de assistir 5 milhões de programas sobre todos os estilistas possíveis, eu não decorei as roupas ainda, haha.
³: Chanel Flap (2.55) Jumbo Caviar é a famosa bolsa da Chanel. Aquela pretinha com alças de correntinhas. Jumbo porque ela é enorme. Enorme no caso, do tamanho que caiba uma revista, entende? E Caviar porque o couro de que ela é feita é rústico. Ela é mais resistente. Se eu falasse que ela é Lambskins o couro seria liso e fino, daquele tipo que qualquer fio de cabelo que caia em cima dela risca.
4: Eu tenho esse dicionário *-*. Ganhei hoje (15/06) da Mari. Obrigada Mari, amei o presente, mew!
5: Polkadots. Bolinhas, sabem?

Obs: Gente, espero que vocês tenham paciência de ler tudo isso que eu descrevo, mas eu me sinto na obrigação de descrever tudo porque eu sou uma futura estilista e voguette.



N/A: Êê! Mais um capítulo de Like a Princess. Essa briga foi só porque eu estava ouvindo uma música triste na hora e eu achei legal. Explicaria melhor as coisas depois disso. Além do que, estou cheia de idéias para o próximo capítulo, que vou começar agorinha mesmo. Ah é, se vocês não quiserem ler as descrições de roupas dela não precisa, não influencia em nada, mas é eu amo muuito descrições de makes e roupas, haha. Ah é, se preparem, o próximo capítulo vem cheio de novidades, o shipper finalmente rolar.

bejosmelinguem.

Gih Meadowes.

N/B: Ui, bicho! O babado foi forte, ein? Até fora a senhorita me deu pelo telefone! Estou terrify! Ai, deus... É um verdadeiro caso de amor bipolar, ein? “Cause you're hot then you're cold
You're yes then you're no...”. Viajei, mas então... Que todos fiquem sabendo que eu recebi esse capítulo no dia 25/06/09 e betei ele no mesmo dia, e ele foi enviado para o e-mail da Sra. Sua Autora na mesma noite. Ou seja, demora, enrolações e afins... Culpa da GIH!
Beijocas :*

Nine Black.